Yuri Guerra faz show em Betim

Cantor se apresenta em ação promovida pela prefeitura municipal dentro do mês de prevenção do câncer de mama, o Outubro Rosa
Por PATRÍCIA CASSESE – O TEMPO
02/10/19 – 03h00

São várias as razões que trazem Yuri Guerra, 25, de volta à sua terra natal, agora – como, por exemplo, rever a família. Mas o mineiro, que há quase seis anos reside em Bolonha, tem também compromissos profissionais – entre eles, um que o cantor lírico (com registro vocal de baixo) abraça com especial entusiasmo: a apresentação no seminário “Outubro Rosa”, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde de Betim, que acontecerá nesta quarta-feira, das 14h às 18h, no auditório da prefeitura.

A ação integra um programa da prefeitura que, na verdade, se desenrolará por todo o mês. A participação de Guerra corresponde ao momento cultural de uma grade que contempla palestras e apresentações de dados, entre outros. “Na verdade, sempre procuro privilegiar apresentações que têm esse cunho social”, diz Guerra, que é voluntário de iniciativas como o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, a Morhan.

Nesta quarta, em Betim, Yuri mostra o pocket show “Na Corda da Vitrola”, que celebra a década de ouro da rádio nacional, com músicas que fizeram sucesso nas vozes de Nelson Gonçalves ou Vicente Celestino, para citar exemplos – composições como “Noite Cheia de Estrelas” ou “Mia Gioconda”. Ele também deve incluir “Hallelujah”, de Leonard Cohen.

Guerra lembra que seu interesse pelo universo da música emergiu cedo, quando, ainda pequeno, acompanhava os pais a concertos, balés e óperas apresentados no Palácio das Artes. “Na infância, a minha primeira influência foi o Edson Cordeiro, mesmo porque, tinha um registro agudo muito similar”, conta.

Numa etapa seguinte, a admiração migrou para o tenor italiano Luciano Pavarotti. “Lembro-me da minha decepção quando ele, já com a doença avançada (o câncer no pâncreas, que acabou matando-o em 2007), cancelou a apresentação que faria em Minas”, rememora.

Do território da admiração à escolha profissional propriamente dita, um empurrão importante veio do fato de ter se integrado ao coral da Fundação Torino, escola na qual estudou. Mas foi quando saiu do Brasil, aos 14 anos, rumo ao Canadá, imbuído da vontade de estudar mais a fundo o repertório camerístico, que Yuri se deu conta da ausência brasileira naquela seara. “Aí, para não ficar cantando sempre Debussy, Schubert, Strauss, descobri Villa-Lobos. Claro, já conhecia, mas não tão a fundo”, reconhece. Guerra começou, então, a pesquisar o repertório, com a ajuda de professores da UFMG e da Fundação Villa-Lobos, do Rio de Janeiro.

“E me apaixonei. Ali – inclusive nas falas, nos discursos dele –, encontrei a minha identidade, como pessoa e como brasileiro, no sentido de nacionalidade mesmo. Lá fora, queria algo que me desse orgulho, e tudo isso foi desaguar no projeto ‘Um Espetáculo para Villa-Lobos’, que inclusive veio aqui, na Fundação de Educação Artística, com lotação máxima”.

“Depois, voltei para a Itália, onde defendi meu mestrado e onde sigo me dedicando a esse repertório. A ideia é fazer com que a música de Villa-Lobos seja cada vez mais escutada e influenciar os cantores líricos internacionais a inserir as composições dele nos recitais e concertos”, diz.

Em tempo: O evento da Prefeitura de Betim integra um rol de ações que visa incentivar a população a procurar orientação médica para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.

FOTO: João Godinho